As organizações de Tecnologia da Informação (TI) lidam há tempos com dois meta-requisitos conflitantes: ao mesmo tempo em que as áreas de negócio exigem mais e mais agilidade, a pressão por redução de custos se torna mais forte. “Fazer mais com menos” virou regra geral. Mas os ambientes de TI viram, nos últimos 10 anos, sua complexidade aumentar em escala exponencial. Diversas tecnologias, pacotes de software e sistemas desenvolvidos in-house se entrelaçam e se sobrepõem de forma que beira o caos.

Não se trata de má administração, não na maioria dos casos. Acontece que a urgência dos requisitos de negócio e o relativo curto ciclo de vida de algumas tecnologias levaram as organizações a erguerem verdadeiras torres de Babel. Durante um tempo foi possível apagar fogueiras localizadas com certa agilidade. Mas esse imediatismo também criou uma infra-estrutura de aplicações com muita redundância de funções e responsabilidades, pouco flexível, cara de ser mantida e, principalmente, pouco ágil.

Mesmo as tecnologias que surgiram para promover padronização e integração, particularmente aquelas chamadas Middleware, em pouco tempo passaram a se digladiar na mesma infra-estrutura de TI, acrescentando mais complexidade e heterogeneidade.

Testemunhamos hoje o nascimento de uma série de tecnologias, processos e modelos que visam combater a imensa complexidade das estruturas de TI. Consolidação de servidores, virtualização e grid-computing, dentre outras, miram a racionalização dos recursos. Porém são propostas que visam quase exclusivamente os ativos palpáveis, desconsiderando as principais causas da falta de agilidade e flexibilidade das organizações de TI: as aplicações e os dados.

Por isso que a proposta de implementação de uma Arquitetura Orientada a Serviços (SOA – Service-Oriented Architecture) ganha importância e faz com que alguns institutos, como o Gartner, prevejam que será a arquitetura dominante nas corporações já em 2007.

SOA é uma estratégia que propõe a organização dos ativos de software de forma que eles possam representar Processos, Atividades ou Tarefas de Negócio de forma direta. Tais representações são chamadas de Serviços, que devem ser baseados em padrões e facilmente combinados e reutilizados visando a satisfação dos requisitos do negócio.

A dinâmica do mundo dos negócios exige que as organizações de TI sejam ágeis, flexíveis e simples. São os mesmos meta-requisitos que governam os Programas e Projetos SOA. Esta série apresenta as particularidades dos projetos SOA, os novos desafios apresentados e a possibilidade de realização, enfim, de antigas promessas como a Reutilização de Ativos de Software.

Apesar do aparente ceticismo e da profusão de definições desencontradas, naturais quando se trata de uma novidade apresentada como “panacéia” pelo mercado de TI, SOA deve se consolidar como uma nova forma de desenvolver, comprar e vender sistemas de informação. Se tal hipótese se confirmar, será a maior evolução da área desde a invenção do COBOL*. Que seja bem-vinda.

>>>>>>>>>> SOA #2 – Conceitos Básicos

* 1964

1. Service-Oriented Architecture Scenario, Yefim Natis
Gartner, artigo AV-19-6751 (2003).