Aconteceu no último dia 31/jan a primeira oficina de 2008, Engenharia de Requisitos, promovida pela Tempo Real Eventos. Como era ante-véspera de festança, o número de participantes surpreendeu: 53, contando os 5 monitores*. Era a segunda edição do evento, o que sempre me deixa um pouco grilado. Como a primeira edição foi muito legal, temia a tradicional “síndrome do segundo”. Felizmente os acidentes foram adiados para a terceira edição. Correu tudo bem, apesar das novas instalações e da configuração das cadeiras.

Nova sala
Como uma edição é muito pouco para tirar qualquer conclusão sobre um evento, mantive quase 100% da estrutura do evento de dezembro. Apenas acrescentei alguns slides, reforçando pontos sobre casos de uso e o documento de visão. Não mexi nada nos exercícios. A diferença é que esta turma não ‘cabulou’ o último exercício – a elaboração de um curto documento de visão. Só neste ponto eu contei para a turma que havia uma competição entre os 5 grupos formados. “Confisquei” parte dos exercícios (protótipo, estimativas e documento de visão) prometendo dizer aqui qual fornecedor eu escolheria.Pelo poder de concisão, pelo “pé-no-chão” (da estimativa) e pela excelente qualidade do protótipo, o grupo vitorioso é o da monitora Socorro Cavalcante. O grupo liderado pelo monitor Fernando Salla fica com um honroso segundo lugar: faltou um pouco de cuidado com o protótipo, só isso.
Socorro e seu time vencedor
A grande maioria dos participantes “cravou” bom e ótimo nos critérios de avaliação. Alguns depoimentos, disponíveis no site da Tempo Real, mostram bem como foi a recepção do evento:

“Treinamento agrega um conhecimento valioso da disciplina Requisitos”
Elisângela Margaris, São Paulo, SP
Gonow Tecnologia

“Foi um evento dinâmico e fantástico; rico em detalhes”
Marco Moribe, São Paulo, SP
CETESB

“Trabalha na realidade do mundo, na construção do software. Muito bom!”
Daniel Duarte, São Paulo, SP
Compuware

Este último depoimento me deixa até um pouco sem jeito. Explico: de uma maneira meio desastrada e sem tato eu dei uma “detonada” geral em ferramentas para gerenciamento de requisitos. Claro, sobrou para a Compuware. Não tanto quanto sobraria para um eventual representante da IBM/Rational, mas sobrou. De qualquer maneira, espero que os comentários que faço sobre essas ferramentas sejam bem recebidos. Um motivo para tal foi validado na própria turma: só 3 dos 53 participantes utilizam algum tipo de ferramenta para requisitos. Há alguma coisa errada, não? Requisitos não respondem por 80% das falhas em projetos? Apesar do assunto “ferramenta” não ser minha praia, no próximo artigo falarei um pouco mais sobre isso.

Agora, pedindo licença para todos que elogiaram o evento, preciso tratar de duas avaliações ruins que recebi. Com um aviso importante: recebo apenas uma compilação das avaliações, com alguns destaques. Mas nunca vejo o nome ou empresa do participante. E duas críticas mereceram destaque.

A primeira fala que não viu “nada de novo”, que o evento “não tem nada de inovador”. Achei curiosa por dois motivos. Primeiro, em nenhum lugar é prometido um evento inovador, um conjunto de técnicas ou métodos “novinhos em folha”. Minha proposta reforça práticas e processos amplamente reconhecidos como fatores de sucesso em um projeto. Deixando a modéstia de lado, se estou falando algo “novo” é realmente o conjunto: a compilação de técnicas e idéias; E uma certa insistência em uma maneira estruturada de se desenvolver e gerenciar requisitos (tema de meu próximo artigo). Mas o que eu queria de verdade era a chance de conversar com esse participante. Entender suas necessidades e qual era sua expectativa quando se inscreveu no evento.

A outra crítica já apareceu em eventos FAN (mais teóricos), mas é a primeira vez que pinta na oficina: “faltou profundidade”; pior, “o palestrante se esquivou de questões complexas”. Me lembro de, em dois momentos, mudar de assunto. Explico: o limite de tempo é claro. E neste último evento era pior ainda: a sala receberia outro evento logo depois do meu. Mas, por isso mesmo, sigo disponível para quem quiser conversar comigo logo após o evento. A coisa mais fácil do mundo é “perder” um evento por dar atenção demais para um tema específico. De uma maneira geral, cada tema tem 30 minutos de “teoria” e outros 30 de prática – tempo que julgo suficiente para tirarmos as dúvidas mais comuns. Todo mundo sabe: tem gente que vai neste tipo de evento para tentar descobrir algo que atenda um problema corrente em sua empresa ou projeto. Não posso atender um participante desconsiderando outros 50! Não durante o evento.

Mas, no final das contas, o que este tipo de crítica faz é gerar novas idéias. Por exemplo, que tal uma “Versão Avançada” da oficina de Engenharia de Requisitos? Antes disso, é importante ressaltar: um evento, mesmo que durando um dia todo, nunca é suficiente. Este tema particularmente é muito extenso e “espinhoso”. Taí uma das utilidades deste blog e do grupo de discussão que foi criado exclusivamente para os participantes das oficinas: caramba, o que não deu pra ver lá no evento pode ser debatido depois, certo? Então… manda bala!

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* O que seria da oficina não fossem meus caros monitores? De novo, recebi a ajuda de 5 pessoas muito legais. Fica aqui meu agradecimento para Socorro Cavalcante, Fernando Salla, Gilberto Valente, José Carlos Santos e Raphael Albino. Vocês foram 10! E alguns ainda tiveram que “brigar” com seus fornecedores?!? hehe.. Valeu!