Tenho que me policiar muito para este artigo não soar muito demagogo ou apelativo. Já não resisti muito no título. Como tenho quase uma centena de testemunhas, garanto que sincero serei. Explicando: as duas últimas oficinas de “Engenharia de Requisitos”, realizadas em Floripa (28/mar) e Sampa (03/abr), foram fantásticas. Não tem segredo nenhum não: eram duas turmas de profissionais muito bons, antenados e bem cientes de seus problemas e necessidades. Ou seja, só não funciona quando seu material é ruim ou você não está bem preparado. Caso contrário o evento flui naturalmente, com o ritmo adequado. Ops… os papos estavam tão bons que, em ambas as turmas, tive que acelerar o passo no final para evitar um constrangedor atraso. Nada mirabolante: os exercícios obedecem uma sequência lógica e são modulares. Bastou agrupá-los para respeitar o prazo. Ah, se fosse simples assim em projetos…

Floripa

Grande sala! Auditório da ACATE.Sem chuvas, enfim! A sala grande permitiu que os grupos ficassem bem confortáveis, de certa forma isolados dos ‘concorrentes’. É o tipo de evento que exige muito espaço. Ao contrário do que ocorre em Sampa, tivemos que improvisar e eleger 4 monitores na hora. Jefferson, Patrick, Kelvin (depois Jorge – pois é, até substituição rolou) e Rodrigo formaram meu time de apoio.

Dos 6 exercícios desenvolvidos durante a oficina eu “recolho” 4. Acontece que no final do evento eu crio uma certa concorrência entre os grupos. Prometendo divulgar aqui qual solução eu compraria (comprarei?). A equipe “É nós no DVD” foi, sem dúvidas, a mais criativa. Não pelo nome, claro, mas pelo conteúdo do documento de visão. Mas o melhor protótipo foi elaborado pela equipe “Menor”. O grupo “União” escreveu uma especificação de caso de uso muito boa. Mas o grande vencedor foi o grupo “WebDVD”, pela integridade e coerência de todos os artefatos desenvolvidos. Parabéns especiais para o Jorge, que “comprou” a solução, e para o caprichado trabalho da Sueli (como designer e AN).

Claro, isso é só uma brincadeira. O que vale mesmo é a certeza de que conceitos e práticas foram bem assimilados. Foram. Como enfatizo as práticas e insisto que elas podem ser adotadas em qualquer processo de desenvolvimento, fico aqui torcendo para que a maioria consiga implementá-las no dia seguinte. Ops.. na semana seguinte. Era uma sexta.

Parte da turma havia participado do evento anterior, “Análise e Modelagem de Negócios”. Isso ajudou no entrosamento e na “quebra do gelo”. Mas sei que só isso não explica o sucesso do evento. finito! Parabéns turma! Espero revê-los em breve.

Grande turma!

Sampa

Apenas 6 dias separavam os dois eventos. Não teve jeito, temia muito pelo evento de Sampa. As duas primeiras edições que aconteceram lá foram legais, mas nenhuma alcançou aquele “clima” legal da turma de Florianópolis. Uma diferença está clara e faremos de tudo para eliminá-la: a sala. Em Sampa, além de pequena, a sala é montada com cadeiras fixas, o que causa grande desconforto para alguns participantes. Mas isso não é desculpa.

Em SampaE a turma do dia 3 de abril provou isso. Foi tão legal quanto a turma de Floripa. Sala cheia, 47 participantes, contando os 5 monitores: Gisele, Amanda, Christiane, Alex e Gustavo. Não sei bem a razão, mas desde o início do dia ficou claro que o evento seria muito bom. Apesar do clima, do trânsito e do desconforto que é andar ultimamente pelas calçadas em obras da Paulista, todos estavam bem humorados. E com vontade de estar ali. Explico: a pior coisa de eventos assim, que duram um dia todo, é a presença de pessoas que parecem que estão ali porque “o chefe mandou”. Mau humor contagia. Má vontade, mais ainda. Sorte nossa: todos ali sabiam muito bem o que queriam.

Uma prova é o alto nível dos exercícios. A concorrência entre os 5 grupos foi pesada. Tanto que o “Grupo da Chris” conseguiu desenvolver não 1, mas 3 protótipos! Mas não é só uma questão de quantidade. O grupo “TopLeft” elaborou um detalhado storyboard. Pena que foram muito econômicos no documento de visão. Aliás, eles tiveram menos de 10 minutos para elaborar a visão – a proposta técnica. Uma verdadeira covardia deste que vos escreve. Mas o “Grupo da Gisele” soube aproveitar muito bem o tempo. Pena que falharam na especificação de caso de uso, que tinha mais texto do que necessário, mais passos do que necessário. O “Grupo Alex” foi o mais ‘agressivo’ em sua proposta, sinalizando que o cliente poderia estar errado, hehe. Pelo bom humor (”equipe altamente qualificada e com entrosamento de mais de 8 horas!”), pelos 4 protótipos de excelente nível e, principalmente, pela qualidade da especificação de caso de uso, o grande vencedor foi o grupo “OJP Web Solutions”. E olha que era a proposta mais cara!

Em SampaO evento de São Paulo teve uma particularidade que preciso contar. No início do evento anterior, de “Análise e Modelagem de Negócios”, a organização me avisou que um dos participantes, Márcio, tinha um grave problema de visão. Confesso, eu nunca tinha me preparado para essa situação. Meus eventos são muito “visuais”, com centenas de slides. Mesmo me policiando, sei que falhei com o Márcio em diversos momentos. Mas, para minha felicidade, ele estava novamente presente na última quinta. Talvez a turma não tenha percebido – acho que não chateei ninguém com minhas redundâncias, mas fiz questão de “ler” vários slides, principalmente os diagramas que antes eu não descrevia. Os comentários do Márcio e de sua colega Débora no final do evento comprovaram que, desta vez, acertei na tática. Imitando aquela propaganda: a satisfação que senti não tem preço. E sei que, de certa forma, essa ‘tática’ acabou ajudando para o sucesso do evento.

Auto-análise

O grau de maturidade e a aceitação da oficina “Engenharia de Requisitos” me criaram um problemão: sua co-irmã, “Análise e Modelagem de Negócios“, carece de uma boa revisão. O programa está correto, mas o formato “oficina” (também conhecido como workshop) demanda um conjunto de exercícios bem diferente. Primeira alteração óbvia: os exercícios devem realmente ser executados em grupo. Os participantes costumam elogiar a troca de experiências entre si. Não há porque não incentivá-las. Meu grande (e longevo) problema: criar exercícios realmente próximos do mundo real. Quando se trata de requisitos, é fácil “inventar” um projeto. Mas a análise e modelagem de negócios exige algo bem maior que um projeto. Bom, não tenho alternativa: tenho que criar os exercícios.

Agora, para brigar contra a resistência ao tema (“o evento de requisitos sempre tem mais demanda que o de modelagem”, é o que sempre ouço), talvez eu deva apelar para marketeiros de plantão. O mais esperto me indicaria o seguinte: chame o evento de “Como Iniciar um Projeto”, ou surrupie a idéia-apelação do Karl Wiegers: “Practical Project Initiation“. Hehe.. garanto que teríamos salas lotadas!
Mas, é claro, se mantido o programa atual, eu estaria sendo desonesto pacas! Prefiro ser teimoso. E seguirei insistindo que uma Engenharia de Requisitos realmente eficaz é amparada por sua prima-disciplina: a Análise e Modelagem de Negócios.

Próximo teste: dia 24 de abril, 2ª edição em Sampa. Com os exercícios totalmente revisados!