Nem divulguei direito por aqui, mas no último sábado participei do Seminário sobre “Gestão de Projetos de Software” promovido pela Tempo Real Eventos. Foi a segunda edição e contou com os mesmos palestrantes do ano passado: Adail Retamal, José Paulo Papo, Juan Bernabó e este que por aqui rabisca. Contou também com a participação especial de Eduardo Coppo. Pleno sabadão, evento de um dia inteiro, e teve 250 participantes! O tema realmente é quente. Pena que não tive a oportunidade de assistir as apresentações. Mas o breve papo com os colegas e participantes valeu o ingresso.

Juan e a massaMinha palestra foi a segunda, logo depois do Adail. Baita responsabilidade mas, por outro lado, peguei a platéia devidamente aquecida por TOC, Corrente Crítica e as boas sugestões do Adail. Aliás, antes que eu mergulhe nos meus assuntos, vale dizer que o evento é muito rico exatamente pela diversidade de temas e visões. O Papo apresentou o OpenUP e o Juan (como um maestro na foto ao lado), falou sobre Scrum.

Eu não hesitei nada quando, há mais de um mês, decidi que meu tema seria “Engenharia de Requisitos”. Só coloquei uma tagline na apresentação da palestra: “Uma Visão Prática”. Depois de algumas oficinas, eu sabia que deveria colocar o assunto para um público um pouco diferente: os Coordenadores e Gerentes de Projetos. Tinha umas 3 “provocações” para apresentar… e, como esperado, criei caso.

Antes preciso falar que a execução consecutiva de oficinas (com 7 horas de duração) está me deixando “destreinado” em palestras. O ritmo é totalmente diferente. As interações, na palestra, só ocorrem no finalzinho, no tradicional momento “Q & A”. Mas errei feio: minha palestra deveria terminar às 12h20. Levei um susto quando olhei o relógio e vi que ainda restavam uns 30′ e eu só tinha mais uns 4 slides… de um total de 64! Falei mais rápido do que o normal. Isso sem contar que alguns slides-piadinhas-de-gosto-duvidoso não ficam 10″ no telão (e que telão tem o auditório da FIAP, imenso!). Mas, para minha satisfação, o momento “Q & A” durou quase meia hora. Satisfação dupla: preenchi o “buraco” de tempo e, claro, confirmei que as provocações surtiram efeito.

Coffee BreakProvocações: i) Caso de Uso não é documentação; ii) Matriz de rastreabilidade não é solução; e iii) Engenharia de Requisitos não significa burocracia e falta de agilidade. Foram as 3 explícitas. A que mais gerou debate, claro, foi a primeira. Principalmente quando eu disse que não consigo entender quando alguém me explica que “levanta os requisitos e depois escreve os casos de uso”. Melhor, o bicho pegou mesmo quando eu falei que jogo os casos de uso no lixo tão logo eles tenham cumprido sua nobre utilidade: ajudar equipe e usuários e clientes a *aprender* os requisitos. Até de “agilista” eu fui chamado, vejam só! hehe.. “Você está dizendo que só o código basta como documentação de um sistema?” Claro que não foi o que eu disse.

Caso de Uso é uma ferramenta fantástica. Sem enrolação, e quando bem desenvolvida, ensina o QUE precisa ser feito; tendo o usuário como ponto de partida. Permite que a gente extraia e estude uma parte específica (tarefa ou atividade) de um processo de negócio sem desmontá-lo e sem a necessidade de novos termos ou metáforas. Repito: Caso de Uso é uma ferramenta fantástica. Mas… como documentação de um sistema? Totalmente dispensável. Não sei se convenci alguém, mas o Sr. Xavier disse ter gostado da “forma como defendo meus argumentos”, ou algo parecido. Um problema-polêmica bem maior viria na sequência, numa provocação até então implícita. Uma questão que me me incomodou em todas as oficinas sobre o tema: Os passos de um Caso de Uso são Requisitos Funcionais!

Incomoda porque é sempre uma surpresa para muita gente. Incomoda mais porque, como escrevi acima, não está escrito em “lugar nenhum”. Será uma bela “varada n’água”, um terrível engano deste que aqui rascunha? Tentarei responder no próximo post. Inté!


Está aqui a versão completa da apresentação (PPT – 3mb). Completa: Inclui as fotos de Varginha!!