O programa de Formação de Analistas de Negócios (FAN) nasceu para ser alicerce, fonte e processo de criação de meu primeiro livro. Seu inesperado sucesso1 fez com que ele ganhasse vida própria. Quando ele foi lançado ainda não era um programa. Era só uma imensa palestra com 7 horas de duração, erroneamente identificada como “workshop”. Críticas e sugestões de vários participantes levaram a criação de duas oficinas de verdade: Modelagem de Negócios e Engenharia de Requisitos. Desenvolvi versões com 14, 35 e 70 horas, configurando assim um programa para formação de AN’s. Dezoito meses e mais de 1200 participantes depois, chega a hora de rever o programa e propor novos caminhos. Incrementais, claro, porque os módulos atuais continuam valendo.

Em agosto do ano passado eu publiquei aqui uma sugestão de roadmap para AN’s. Era ao mesmo tempo um plano e uma provocação. Poucas mas boas ideias foram apresentadas. Mas chega a ser curiosa a distância entre as alternativas fruto de um cutucão e as oportunidades / necessidades percebidas. Na primeira reunião pública do Capítulo SP do IIBA2 (International Institute of Business Analysis) muitos participantes cobraram reconhecimento da profissão / função. De certa forma ficou implícita na solicitação uma melhor definição do perfil, formação e responsabilidades dos AN’s. Algumas das threads mais longas e quentes de nosso grupo de discussões e fórum tratam exatamente deste ponto: quem é e o que faz um AN? Ao conversar com colaboradores de empresas dos mais diversos segmentos e portes, percebi as mesmas questões. E os mais diversos cenários.

Há quem use o AN como se fosse um analista de sistemas, cobrando deste o domínio e desenho da solução. Em algumas empresas o AN parece guarda-costas ou válvula de escape do pessoal de suporte. Em outras é bode expiatório e sparring de usuários insatisfeitos e desenvolvedores idem. Para não dizer que tudo é negativo ou distorcido quando se trata de análise de negócios, vale ressaltar também que algumas organizações cobram de seus AN’s o que realmente deve ser cobrado: o entendimento do negócio e dos usuários e a comunicação desta compreensão para todas as partes interessadas de um projeto.

Como ainda há muita desinformação e contrainformação quando o assunto é análise de negócios, resolvi editar uma 3ª versão daquele palestrão de 7 horas. Chamado “FAN Especial”, sua primeira turma está programada para a próxima quarta-feira, 11/fev, em São Paulo. Com ele tento matar 2 coelhinhos com a mesma cajadada:

  • Explicar para as empresas, particularmente gerentes de TI, gerentes de desenvolvimento e coordenadores de projetos: i) quem é o AN; ii) quais são suas responsabilidades na empresa e em projetos; e, iii) porque ele é importante, especialmente em projetos de software.
  • Apresentar a função / profissão para analistas (de negócios, de sistemas, de requisitos, de processos…) e debater: i) o corpo de conhecimentos “oficial” (BABoK); ii) modelagem de negócios e engenharia de requisitos; e, iii) como as empresas estão contratando e estruturando o trabalho do AN.

Mas 7 horas são realmente necessárias? Sim, isso possibilitará um maior aprofundamento em todos os tópicos. Há também uma generosa fatia de tempo separada exclusivamente para os debates. Mas a principal mudança desta versão 3.0 do “palestrão” é a sequência de apresentação. Nas anteriores eu apresentava o AN, modelagem e requisitos em três partes com fronteiras bem delimitadas. Agora vou apresentar o trabalho do AN como ele realmente ocorre, do início ao fim de um projeto. As práticas e métodos serão apresentados como em um grande estudo de caso. Esta ordem permite apresentar, além do cenário ideal, armadilhas e equívocos que têm caracterizado o uso de AN’s pelas organizações.

Mas este formato nos leva a mesma situação apresentada lá no primeiro parágrafo: e se a turma quiser “sujar” as mãos, praticando um pouco daquilo que está sendo sugerido? Indicá-los o formato padrão, o par de oficinas com 14 horas de duração, não seria muito legal de minha parte. Afinal, nas oficinas eu repito toda a parte teórica. Pensando nisso, Tempo Real Eventos e eu resolvemos colocar no ar o “FAN – Mão na Massa“, um evento 100% prático. Os participantes serão apresentados a um problema de negócio e devem resolvê-lo em 7 horas, exercitando as principais ferramentas que estão a disposição do analista de negócios. A estréia deste evento em São Paulo está agendada para o dia 24 de março, véspera do lançamento do meu livro na mesma cidade.

O “Mão na Massa” será o primeiro evento do programa com um pré-requisito obrigatório: os participantes devem ter assistido algum outro módulo do programa FAN. Sem a base teórica destes eventos, é praticamente impossível aproveitar bem esta oficina. Que não será restrita ao público do “palestrão”. Todos que participaram dos workshops podem tirar proveito deste novo formato: a dinâmica é diferente – não tem aquele esquema “teoria – exercício – teoria…” que os caracteriza. É realmente 100% prático, o que garante uma experiência bem diferente das anteriores. Esta versão “Mão na Massa” foi testada em Florianópolis3, em dezembro. Como o resultado foi muito positivo, resolvi liberá-lo em formato comercial.

E tudo indica que este será o caminho de evolução do FAN, com pequenos módulos específicos. Cursos tradicionais, com 35 ou 70 horas de duração, são de difícil comercialização. A crise atual complica ainda mais a viablização de treinamentos mais longos. Os módulos do FAN, mais curtos e consequentemente mais baratos, são uma boa alternativa. Mas minha principal preocupação é com a utilidade deles: que os alunos consigam adotar as sugestões no dia ou no projeto seguinte. AN que é AN de verdade sabe que o retorno sobre o investimento deve ser nítido.

.:.

Notas:

  1. Sucesso que devo a todos os participantes do programa FAN. Neste mercado só podemos considerar *cliente* aquele que faz a segunda compra. E ainda indica os serviços para colegas e amigos. Vale ressaltar também o incrível trabalho da “sócia” Tempo Real Eventos, que acreditou na proposta do FAN desde o primeiro momento.
  2. Capítulo SP que agora terá com quem conversar. Está sendo lançado o Chapter Carioca do IIBA. Parabéns e boa sorte aos pioneiros.
  3. E cabe aqui o agradecimento ao pessoal da FIESC, SESI e SENAI de Santa Catarina, que deu inestimável apoio ao evento “teste” que realizei lá. E, claro, devo agradecer também a turma que topou o desafio e mandou bem, muito bem.