Craig Larman e Bas Vodde

A quem pode interessar: Todos que estejam levando métodos ágeis e o pensamento Lean para além de um produto, um projeto ou um time. Deve interessar a todos que já rodaram mais de dois experimentos com métodos ágeis, particularmente com o Scrum.

Porque ler: Larman tem um histórico de livros que fizeram a cabeça de muita gente, aqui e lá fora. São dele “Utilizando UML e Padrões” (Bookman, 2007) e “Agile & Iterative Development: A Manager’s Guide” (Addison-Wesley, 2004). Seus escritos seguem consistentes e didáticos. Mas agora ele parece um pouco mais divertido e direto. Porque sabe que o sucesso de suas sugestões depende de opiniões claras – de conclusões que podem não agradar todo mundo. Este é um dos poucos títulos (sérios) sobre a utilização do Scrum em projetos de médio e grande portes.

Estrutura & Conteúdo: O livro tem apenas duas grandes partes, Ferramentas de Pensamento e Ferramentas Organizacionais. Cada uma mereceu cinco capítulos. Os autores começam pegando pesado, citando Woody Allen (!) e falando sobre o Pensamento Sistêmico. Quem sempre se sentiu intimidado ou constrangido pelo “A Quinta Disciplina” de Peter Senge (Best Seller, 2009) sentirá imenso alívio ao ler o primeiro capítulo de “Scaling Lean & Agile Development”. Combinado ao pensamento Lean, o Pensamento Sistêmico é apresentado de forma extremamente prática e didática.

Também merece destaque o segundo capítulo, sobre o Pensamento Lean. Não se trata de um derivado de outros escritos, mas de um trabalho de pesquisa que envolveu interações diretas dentro da própria Toyota no Japão. Não é por nada não, mas a dupla conseguiu explicar em um capítulo o que muita gente não fez em um livro inteiro! Fechando a primeira parte temos os seguinte capítulos: Teoria das Filas, Falsas Dicotomias e Seja Ágil.

A segunda parte, sobre Ferramentas Organizacionais, apresenta sugestões um pouco mais controversas. Eu gostei demais de boa parte delas, mas sei que algumas pessoas virarão piruetas ao ler, por exemplo, que “organizações ágeis não precisam de Escritórios de Projetos (PMO’s)” (p. 249). Os autores dizem, no mesmo trecho, que pior que um PMO é a sugestão de um Agile PMO. Claro, não deixam de citar o pai da (indesejada) criança: Jochen Krebs, em “Agile Portfolio Management” (Microsoft Press, 2008). Acho que nem preciso dizer que também gostei muito da alternativa sugerida pela dupla para troca de conhecimentos e experiências: as Comunidades de Prática (p. 252).

Aliás, o livro todo apresenta dois grandes conjuntos de sugestões (experimentos) etiquetados como “Try…” (Tente) e “Avoid…” (Evite). Uma lista com todas as sugestões aparece logo de cara, na terceira página. Todas são apresentadas e justificadas no decorrer do texto.

Trechos (livremente traduzidos):

“Evite… pensar que o gerenciamento de filas, kanban e outras ferramentas são pilares do Lean.”

“Tente… refletir sobre os dois pilares do Lean: Respeito pelas Pessoas e Melhoria Contínua.”
(N.T.: Reparou que “eliminar desperdício” também não pintou aqui? Acontece que certos “desperdícios temporários” são necessários. Um buffer com itens do backlog do produto, por exemplo).

“Uma das mais ignoradas e valiosas sugestões do Scrum diz que algo entre cinco e dez porcento de cada Sprint deve ser dedicado pelo time ao refinamento do backlog do Produto.”

O último projeto simples foi feito em 1962. Não acredite que exista algum projeto que não envolva aprendizado ou complexidade ou alguma variabilidade e, consequentemente, não se beneficie do desenvolvimento ágil.”

“Encoraje os especialistas a ensinar, não a fazer.”

“Se não há conflito aparente então o time está com problemas.”

“Evite… ferramentas tradicionais de gerenciamento de requisitos.”

“Evite… organizações matriciais e escritórios de projetos.”

“Evite… a IBM.”

Serviço:

Scaling Lean & Agile Development
Craig Larman e Bas Vodde
Addison-Wesley, 2009
US$ 39,41 na Amazon (em 24/jan/12)
US$ 15,92 pela versão eletrônica.