Bela coincidência, me deparar com um artigo na Folha de hoje que cita o mineiro Drummond: “Lutar com as palavras é a luta mais vã”. Meu artigo de ontem parece proclamar essa briga sem sentido. Porque teimou nos termos e definições em detrimento de algo mais concreto e prático. E isso parece me distanciar daquilo que mais busco, das conversas. Na manhã de hoje respondia a um email com meia dúzia de dúvidas práticas. E fulminantemente irritantes. Não pela pessoa que perguntava, mas pela recorrência das questões. São as mesmas perguntas que tento responder desde a primeira edição do {FAN}, no distante junho de 2007. Era o artigo de ontem, pretensão ingênua, se confrontando com a realidade de hoje, uma âncora terrível.

Mas não desfilarei mais um chororô não, pelo contrário. Utilizarei o caso para justificar as provocações que fiz. Recolocarei as dúvidas que recebi, sem nenhum tipo de edição:

  • Qual é a posição que ele deve tomar em relação aos suportes / análise de sistemas que ele detém, e atividades que deveriam ser executadas de negócio.
  • Como analista de negócio, sendo da área de Ti, e sempre em contato com os stackholders, como ele deverá agir, pois acaba virando referência para problemas de TI (suporte, retorno de atendimentos e outros problemas relacionados a TI)
  • De quem é a responsabilidade de analisar uma rotina que deverá ser implementada num sistema já em produção?
  • Qual artefato deverá ser gerado pelo analista de negócio para a equipe de desenvolvimento.
  • Como o Analista de Negócio, poderá interferir numa solução de sistemas, se a equipe de desenvolvimento desenha uma solução, que segundo eles será melhor para o usuário final.

Minha resposta, para todas as questões, poderia ter sido uma só: me desculpe, te enganaram. Estão te chamando de “analista de negócios”, talvez porque o termo seja chique e estava, até pouco tempo atrás, na moda. Mas sua dúvidas indicam que você não está fazendo Análise de Negócios. Você e outros 95% dos analistas espalhados por esse Brasilzão afora estão executando serviços de suporte. Talvez fosse mais correto e honesto chamá-la de Analista de Suporte!

Mas Paulo, você pode retrucar, as duas últimas questões não tratam de suporte. Realmente não, mas reforçam as suspeitas de uma estrutura muito mal desenhada – com responsabilidades mal distribuídas, e a inexistência de algo minimamente semelhante a um processo. Sem meias palavras: é TI demolindo algo que lhe poderia ser bastante benéfico. Algo que convencionamos chamar Análise de Negócios.

Já escrevi o suficiente sobre o “inferno nosso de cada dia”, sobre as insanas operações de TI. Não vou me repetir. Aliás, vou, mas só uma das provocações de ontem: se a Análise de Negócios pretende continuar existindo em médio e longo prazos, então está na hora de proclamar sua independência em relação à TI. Se seguir submissa e mal interpretada, terá o mesmo destino de várias outras ideias que um dia pareceram legais. Merecerá o mesmo fim que aguarda TI.