Em tempos de capitalismo acelerado/financista, algumas questões cruciais parecem deixadas de lado. Fala-se muito em quem vai comprar quem, sobre investidores com bolsos fundos e estreias estrondosas em bolsas de valores¹. Também se conversa bastante sobre cortes de custos. O que sempre deveria nos fazer lembrar de um ensinamento de Drucker²: “As empresas são pagas para criar riqueza, não para controlar custos”. Daí a pergunta: como sua empresa cria riqueza?

Parece uma questão simples. Não é. Em todas as edições da oficina Arquitetura de Negócios o assunto deu pano pra manga. Principalmente porque, de repente, parece que todo mundo³ se vê como uma Cadeia de Valor. Saca aquele desenho linear – uma sequência reta de processos e atividades – com um pote de riqueza gerado ali no final? Todo negócio deriva deste metamodelo? Toda empresa é ou sonha ser uma azeitada (sic) linha de montagem?

Fábricas são fábricas, só pedem mesmo pelo azeite. O varejão tradicional se vê apenas como o ponto final de uma corrente maior. Atacados são a vírgula ou ponto e vírgula da mesma frase. É natural que desenhem suas entranhas como cadeias de valor. Criam riqueza sabendo comprar e pouco mais que isso.

E o resto? Como uma escola cria riqueza? E um escritório de advocacia? E uma clínica de cirurgia plástica? E os bancos, botecos e seguradoras? Esses negócios podem se apresentar como cadeias de valor? Eles podem ser vistos como fábricas? Se não, qual é ou quais são as alternativas? E por que esse papo merece mais espaço?

Notas

  1. Quer conferir? Dá uma olhada na seção “Primeiro Lugar” de qualquer edição da revista EXAME. Não estou exagerando: 80% das notas ali publicadas NÃO falam de geração de riqueza. E este é apenas um exemplo.
  2. Desafios Gerenciais para o Século XXI, p. 97 – Pioneira, 1999.
  3. Exagerei: uns 12,5% dos participantes não se viam como fabricantes. Um deles, via Facebook, motivou este post alguns minutos atrás.
  4. Wheres the Pot of Gold pergunta J J nesta bela foto publicada no Flickr.