De tempos em tempos, Pindorama cai numa pindaíba danada. O mercado de educação corporativa é o primeiro a perceber. Apesar de ser um dos últimos a aproveitar as ondas de crescimento. Mesmo assim, os números brasileiros não são nada desprezíveis. Muito menos o seu potencial. E a próxima onda já começa a se formar. Preparado para surfá-la?

Uma pesquisa da ABTD¹ aponta que, em média, as empresas brasileiras investem 0,46% de seu faturamento bruto em treinamento. As pequenas empresas são mais generosas, alocando quase 1%. Já as grandes comprometem apenas 0,13%. Nos EUA, a média é de 1,49%, o triplo do número tupiniquim. Falemos em reais.

As mil maiores empresas brasileiras, segundo a lista Melhores & Maiores da EXAME, faturaram em 2015 um total aproximado de R$ 2,5 trilhões². Considerando apenas aquele percentual mirradinho do investimento das grandes empresas – 0,13% – temos aqui um mercado de R$ 3,25 bi. 

Ainda segundo a ABTD, 47% dessa grana vai para os bolsos de terceiros. Repare: estou citando apenas as mil maiores empresas e um rateio bastante modesto. Acho que não exagero quando estimo que o mercado gire algo entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões por ano. Tivéssemos aqui o número dos EUA (1,5%), estaríamos falando de R$37,5 bilhões!

Para onde vai esse número se acrescentarmos as pessoas físicas e toda a variedade de treinamentos que elas contratam? Sinceramente, não tenho nem ideia. Só sei que tem um tamanho nada desprezível. E um potencial imenso.

Tirando o Atraso

Numa era em que a complexidade e as incertezas só fazem crescer, uma boa aposta é a aprendizagem. Vale para os negócios. Vale ainda mais para os profissionais. Muitas empresas tupiniquins têm uma postura mesquinha – contabilizam o desenvolvimento como despesa. Ainda se agarram a regulações e barreiras, brigam por preços mínimos e investem fortunas em lobistas e políticos. Deveriam perceber que estão enxugando gelo e apostando no time errado.

Muitos profissionais estão sentindo na pele a cara contrapartida de um período de sossego. Só treinavam quando a empresa pagava. Só se interessaram pelo o que a empresa demandava. O emprego se foi e a dificuldade para tirar o atraso é diretamente proporcional ao tempo de casa.

Potencial

Agora, o caminho feliz em potencial. Muitas empresas já perceberam que 22 horas de treinamento por ano é quase nada. Essa foi a nossa média em 2015. Novas modalidades de treinamentos e um pouco de bom senso (ou boa vontade) podem quadruplicar esse número. Nossa média de investimentos por colaborador é de apenas R$ 624/ano. Nos EUA, R$ 3.980/ano – em um mercado que ainda sente reflexos da pindaíba instaurada em 2008.

Os profissionais, mesmo que por medo, estão aprendendo que não podem entregar suas carreiras nas mãos de uma empresa. Por benévola que ela seja. São esses profissionais que participam de treinamentos em finais de semana, buscam por comunidades, projetos e ferramentas que os mantenham antenados.

Oportunidade

Houve um tempo em que tamanho era documento. Isso ainda vale para alguns ramos, mas são cada vez menos. No mercado de educação corporativa e de treinamentos, definitivamente, o tamanho não diz nada. E uso o meu próprio caso para ilustrar. Sou uma empresa de um homem só estabelecido em Varginha, Sul de Minas Gerais. Isso não me impediu de atender gigantes como Alelo, Bradesco, BrasilPrev, Embraer, Finep, Friboi, Net e Oi, dentre outras. Algum segredo? Nenhum. Você precisa de conteúdo, conversas,  alguns poucos e bons parceiros e preparação.

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Notas

  1. Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento. Os números foram apresentados n’O Panorama do Treinamento no Brasil (2016).
  2. Isso é quase metade de nosso PIB, que foi de R$ 5,9 trilhões em 2015. Mil empresas representam quase metade da riqueza que criamos? Queria ter um pouco mais de tempo para destrinchar isso. Ou um colega que aponte estudos que comprovem ou desmintam os números citados.
  3. Leandro Mendonça, goodfella, colaborou neste artigo.
  4. 46:365 – Spectrum é o título da imagem de hoje. Foi compartilhada por Phil Wood no flickr.