O Dono de Produtos deve inspirar e orientar o desenvolvimento de soluções criativas. Para tanto, ele assume a responsabilidade por dez trabalhos essenciais¹.

A matriz ao lado sugere a distribuição dos trabalhos em um ciclo com quatro fases²: Descoberta, Exploração, Desenvolvimento e Entrega. Cada fase requer um tipo de raciocínio e lida com matérias-primas bem diferentes (concreto ⟷ abstrato).

Aos trabalhos:

  • Entender o Problema: parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa e gera desperdícios quando não começa direito. Problemas são definidos e compreendidos de forma diferente pelos envolvidos, por isso precisamos
  • Conhecer as Pessoas: e seus interesses. Não é apenas uma questão de gerar um mapinha de stakeholders ou desenhar personas. Sem empatia o PO não vai a lugar nenhum. Se não conhecer os interesses em jogo, como o PO conseguiria
  • Negociar Objetivos: identificar e fixar os (poucos) indicadores que servirão como bússola. Da descoberta passamos para a etapa de exploração. O PO começa a
  • Elaborar Hipóteses: cogitando alternativas de solução, comparando as diversas opções concorrentes e validando tendências. As dúvidas mil – inevitáveis neste momento – são atacadas quando o PO seleciona hipóteses e começa a
  • Criar e Testar Protótipos: levando ideias para o mundo real. Essa peneira, depois de alguns ciclos, permitirá ao PO tomar decisões e
  • Criar a Visão e o Roadmap do Produto: um momento chave. O PO inspira através da visão apresentada. A proposta deve ser comprada por clientes e usuários. O desafio precisa ser comprado pelo time. Passado o decisivo teste, é hora de
  • Desenhar o Produto contando Histórias: User Stories, Job Stories, Use Cases? O que menos importa é o formato. As histórias precisam ser coerentes e mostrar com clareza sua contribuição para a realização dos objetivos. Essas histórias compõem um roteiro, um backlog. É responsabilidade do PO
  • Gerenciar o Backlog: definindo prioridades e informando ao time o que precisa ser feito e quais resultados precisam ser obtidos em determinado momento. Além disso, o PO vai
  • Apoiar o Time: tirando dúvidas, orientando e testando, diariamente, o que está sendo desenvolvido. É o olho do dono que engorda o boi. É a presença e cooperação do PO que orienta o time. Em ciclos bem ou mal definidos, o PO deve
  • Acompanhar a Evolução do Produto: monitorando os (pouco) indicadores; Interagindo com clientes e usuários; Se preocupando com a disposição e evolução do time; e se preparando para começar (quase) tudo de novo.

Falando assim, até parece que é simples a vida de um PO. Não é. Mas a sua formação não precisa ser complicada

Coincidências

  1. Um trabalho é essencial quando sua falta ou má execução compromete o resultado esperado. O mesmo conceito foi utilizado na elaboração do programa FAN – Formação de Analistas de Negócios. Neste caso, são oito os trabalhos essenciais. Quase há uma coincidência com os trabalhos do PO. Quase! Porque, para o PO, o buraco é mais em cima.
  2. A matriz sugerida coincide com o ciclo OODA (Observe, Oriente, Decida, Aja). O destaque para a etapa de Orientação (Exploração) também coincide. Mas a verdadeira inspiração vem de Takeuchi e Nonaka, os vovôs do Scrum (Gestão do Conhecimento – Bookman, 2008). Para saber mais do modelo, veja este vídeo. Para debatê-lo, participe do evento SEA: Sistêmico, Enxuto e Ágil.
  3. Clay Cutter foi compartilhada via flickr por christy sheffield.