Não morda o meu dedo, olhe para onde estou apontando.
Warren McCulloch

“Para o observador casual, definições do problema podem parecer desperdício. É tempo gasto longe do teclado e a educação ocidental nos ensina que estamos enrolando ou sendo improdutivos quando estamos ‘só conversando’. Mas o Lean é cheio de paradoxos como esse.”

“Muito do Lean é baseado no Pensamento Sistêmico e uma definição de problema bem colocada pode levar o time para além de suas preocupações com a solução – para uma compreensão mais ampla do contexto.”

O Lean nos pede para reduzir tensões e inconsistências no sistema. A definição do problema articula um objetivo consistente. São comuns os projetos que sofrem porque seus participantes não estão resolvendo o mesmo problema. Uma definição de problema bem escrita oferece uma visão consistente de direção. Como tal, ela pode ser uma poderosa ferramenta para o time e para a gestão.

“Uma boa definição do problema pode funcionar como um catalisador para a auto-organização.”

“Em uma verdadeira organização Ágil aqueles que são responsáveis pela solução do problema participam da definição do problema. Essa definição deve ajudar a canalizar a energia da organização na direção correta.”

Lean Architecture | James Coplien e Gertrud Bjørnvig
Wiley, 2010 – Págs. 68~74

Eu sabia que não estava sendo original quando escrevi que Histórias – de Valor ou de Usuários – são catalisadoras. Só não lembrava a origem.“Antes de iniciar um sprint de criação-de-valor-para-o-cliente precisamos de um backlog inicial do produto. E para gerar esse backlog nós precisamos da visão do produto. Muitas organizações também acham útil a criação de um roadmap preliminar, definindo uma série de releases incrementais. Chamo as atividades que criam esses artefatos de envisioning ou product-level planning.”

“O envisioning não deve ser confundido com um pesado e cerimonioso processo de planejamento. No Scrum, nós não acreditamos que podemos (ou devemos) conhecer todos os detalhes de um produto antes de começarmos. Entretanto, nós entendemos que o financiamento de um produto não pode começar sem uma visão; sem um entendimento adequado acerca dos clientes, das features e da solução em alto nível; nem sem uma ideia de quanto o produto vai custar.”

“Não gastamos muito tempo ou esforço no envisioning porque queremos rapidamente passar do estágio do achismo – quando a gente pensa que conhece as necessidades dos clientes – para as etapas de feedback rápido – para os sprints de criação de valor.”

Essential Scrum | Kenneth Rubin
Addison-Wesley, 2013 – Pág. 287

O primeiro passo no Scrum é a elaboração da Visão do Produto pelo Product Owner.”

Scaling Lean & Agile Development | Craig Larman e Bas Vodde
Cap. 12 – Scrum Primer, por Pete Deemer & Gabrielle Benefield
Addison-Wesley, 2009 – Pág. 311

  1. Uma VISÃO projeta um futuro onde determinado problema deixa de existir. Uma VISÃO assume o entendimento prévio desse problema.
  2. Ignorar a definição do problema e tratar o envisioning como o “estágio do achismo” (guessing, no original) é frágil e perigoso.
  3. Entender que a elaboração da VISÃO é responsabilidade exclusiva de um PO é detonar, logo de cara, uma boa oportunidade de formar um time de verdade.

“A diretriz fundamental de qualquer sistema verdadeiramente enxuto consiste em estabelecer e entregar valor definido pelo cliente”.

“ não devemos gastar esforços ou recursos antes de termos um profundo entendimento do valor definido pelo cliente.”

Sistema Toyota de Desenvolvimento de Produto | James Morgan e Jeffrey Liker
Bookman, 2008 – Págs. 45~46

“A característica organizacional definidora do modelo do Spotify é o conceito de squads com ‘baixo acoplamento e alto alinhamento’. A tese central aqui é que ‘alinhamento permite autonomia – e quanto maior o alinhamento, mais autonomia é possível dar’. É por isso que a empresa passa tanto tempo alinhando todos com objetivos e metas antes de iniciar um trabalho.”

Tempo Talento Energia | Michael Mankins e Eric Garton
figurati, 2017 – Pág. 163

  1. A distância que separa a Toyota do Spotify é a mesma que separa o Japão da Suécia. Mas uma coisa elas parecem ter em comum: tempo pra pensar.
  2. Não é curioso que esse tempo para pensar não seja considerado trabalho? Repare na frase destacada no último parágrafo acima. Coplien e Bjørnvig, citados lá no início, já haviam alertado para essa característica bem ocidental de não relacionar esse tipo de conversa com trabalho.

“Quando você dispara qualquer coisa nova, há forças te puxando para todas as direções. Há coisas que você pode fazer, coisas que você gostaria de fazer e coisas que você precisa fazer. Comece pelo que precisa ser feito. Comece pelo epicentro.”

Rework | Jason Fried & David Hansson
Crown Business, 2010 – Pág. 72

“Tome uma grande decisão sobre sua Visão de forma antecipada e todas as futuras pequenas decisões se tornarão bem mais fáceis.”

Getting Real | 37signals
37signals, 2006 – Pág. 43

“Todo o trabalho com requisitos é precedido por algum tipo de processo de iniciação: alguém tem uma ideia de que algo deve ser desenhado e construído.”

“Se não formos cuidadosos, a ideia inicial vai colocar todo o processo em um caminho improdutivo do qual nunca vamos nos recuperar. Se os participantes não começarem pensando em conjunto, vamos perdê-los antes de ganhá-los.”

“Como podemos sintetizar a grande variedade de pontos de partida potenciais em uma plataforma única e sólida para a exploração de requisitos? Uma solução possível é entender cada projeto como uma tentativa de resolver algum problema e então reduzir cada ponto inicial a uma forma comum de descrição do problema.

“Um problema pode ser definido como: A diferença entre as coisas conforme são percebidas e as coisas conforme são desejadas.

Exploring Requirements: Quality Before Design | Donald Gause e Gerald Weinberg
Dorset House, 1989 – Pág. 49

“A palavra problema sempre significa algo ruim, como em ‘Houston, temos um problema’ Mas as inovações bem sucedidas sempre envolvem mais atenção ao problema do que às soluções. Einstein um dia disse, “Se eu tiver 20 dias para resolver um problema, gastarei 19 para defini-lo”.

The Myths of Innovation | Scott Berkun
O’Reilly, 2007 – Pág. 127

 

“O problema não é o problema. O problema é a sua atitude em relação ao problema.”

Capitão Jack Sparrow

  1. Pois é, terceirizei a argumentação. Parti dos originais e a tradução é livre, provavelmente enviesada e eventualmente desastrada. Por  favor, não morda o meu dedo.
  2. Se você não entendeu minha motivação, por favor, veja o artigo anterior.
  3. Se tem o que acrescentar, por favor, comente!
  4. Aquela foto bem sacada de dentro do buraco é da Alexandra Brovco.