Quem diz é a CIO Magazine: Analistas de Negócios valem Ouro. O artigo, que comenta uma pesquisa da Forrester, foi publicado lá fora no dia 16/abr e mereceu outro título: “Why Business Analysts Are So Important for IT and CIOs“. Why? Uai…
Por duas décadas, o CIO foi visto como o elo central entre as funções de negócio e tecnologia. Embora esta talvez seja a percepção exata da sala da diretoria, nos bastidores os analistas de negócio são os encarregados de fazer essa ligação ao elaborar os business cases para desenvolvimento de projetos de TI, suavizando as relações entre concorrentes e impulsionando projetos.
Nos “bastidores”? O Analista de Negócios (AN) atua “nos bastidores”? Parece que ele faz coisas “por baixo dos panos”, não? Quanta infelicidade. A Madame Katyusha (prima da Natasha do Gaspari) acha que a nobre publicação pretendia dizer o seguinte: “é o AN que põe a mão na massa!” E, creiam, os tais “business cases” não têm, por si só, o poder de fazer a tal ligação entre TI e o negócio. Muito menos de “impulsionar projetos”. E “suavizar relações”? “Entre concorrentes”?… sem comentários.
Nossa área, pelo visto, nunca perderá a mania de criar Super-Heróis que resolvem todos os problemas. Há pouco eram os Coordenadores de Projetos. Como a coisa não andou como prometido, agora elegem AN’s como a bola da vez. Apesar de um certo gelo na barriga, acho que a turma já está vacinada. E não cairá nessa reciclada armadilha.
AN’s são importantes, mas não mais ou menos que qualquer outro integrante de uma equipe de TI. Se eles valem ouro, então todos valem. Perdão turma, mas não se trata de demagogia, ok? Apenas um lembrete que, vez por outra, se faz necessário.
O AN ganha importância (e espaço na prensa “especializada”) porque sua área de conhecimento foi paulatinamente reduzida e negligenciada nas últimas duas décadas: o Domínio do Problema. A academia e as empresas passaram a valorizar o domínio da solução: e foi uma enxurrada de “analistas-programadores”, de anúncios pedindo “analistas de sistemas com 10 anos de experiência programando em C# e Java” e assim por diante. Agora estamos aprendendo que, sem um correto domínio do problema, não há solução que vingue. Entram os AN’s!
Mas quem são os AN’s? O artigo fala que eles valem ouro e, no parágrafo seguinte, confessa:
Todo mundo concorda com a importância do papel do analista de negócio, porém pouca gente sabe exatamente o que faz um profissional como esse.
Não é hilário? Não é uma coisa bem típica da nossa área? Engraçado é que a mesma publicação, há quase 1 ano, já falava que o AN era uma “hot commodity” e apresentava, com relativa felicidade, o seu job description. Felicidade que sumiu no segundo parágrafo do artigo atual: “a maioria dos analistas de negócio bem-sucedidos mescla o temperamento e a habilidade de comunicação de um diplomata com o talento analítico de um oficial do serviço secreto.” Céus, pra que dourar tanto a pílula? Madame Katyusha sugere: “O AN é bom no entendimento de problemas e na percepção de oportunidades.” Para tanto, é claro que o cara deve ser um excelente comunicador. Mas esta não é a única ‘soft skill’ que ele deve desenvolver / apresentar.
Encerro o azedume com minha maior preocupação: sei lá porque cargas d’água, insistem em Analistas Orientados ao Negócio e Analistas Orientados para TI. Na publicação original ficou um tanto pior. Falaram em “Business-Oriented Business Analyst”… já pensou se vira sigla? BOBA! Céus! 10x Céus!! Quem nada entende tudo complica, né? Analista de Negócio é Analista de Negócio. Ponto! Se ele é subordinado ao CIO ou qualquer outra área é outro papo. Mas o nome é o mesmo! Deveria ser… o artigo fala que o pessoal da Forrester achou uma solução: Analista de Tecnologia do Negócio! Céus!!! 1000x Céus!! Detalhe: este é o nome adotado por um grande banco tupiniquim para o departamento de AN’s: DTN: Depto de Tecnologia do Negócio. Então… corre o risco de vingar. Céus…
Mas não importa. O que importa é que finalmente os AN’s estão ganhando um certo espaço, a devida atenção. Deixemos o “ouro” para nossos compatriotas que irão para Pequim e vamos falar sério sobre a função-profissão.
Quer saber quem é o AN, onde ele mora, qual a sua formação, habilidades e responsabilidades? Quer saber porque ele pode ajudar na concepção e entrega de projetos? Quais matérias ele deve dominar? Os motivos pelos quais ele se tornou tão importante? Segue o convite:
No dia 31 de maio, sábado, apresento uma edição especial do evento “Formação de Analistas de Negócios“. Será em Sampa, na Av Paulista. Programação, localização, inscrição e demais informações você encontra no site da Tempo Real Eventos.